A dor crônica é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (SBED) como a dor que persiste por mais de 3 meses e se associa a uma combinação de múltiplos fatores potencializadores. Quem convive com o sintoma enfrenta desafios no nível físico, emocional, laboral e pessoal. Já parou para imaginar como seria conviver sentindo dor durante um tempo tão longo? Não é algo simples.

A dor crônica, com seus aspectos subjetivos e individuais, impacta as atividades diárias, influencia nas relações, na produtividade e no trabalho. Além disso, o sono, a autoestima, o humor e a desvalorização da longevidade afetam a vida como um todo. O alívio da dor e a restauração da funcionalidade passa a ser o principal objetivo a ser alcançado, mas o resultado depende de uma combinação de fatores, incluindo a adesão do paciente ao tratamento.

De alguma maneira, todos sabemos que a dor impacta o estado emocional. Surge desmotivação, tristeza, falta de vontade, desejo de ficar quieto. Dessa forma, ao longo do tempo, aqueles que sofrem de dor crônica sentem de maneira mais intensa as consequências que a inatividade provoca. A dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas simples afeta o emocional de quem convive com a dor por tempos prolongados.

Por conta dessa situação, alguns estudos mostram que pacientes com dor crônica tendem a apresentar sinais leves de ansiedade e depressão. A persistência dessas emoções negativas, mesmo que em níveis leves, está associada à cronificação da dor devido a alterações neuroanatômicas e modulação das vias neurais. As sensações de ansiedade e depressão podem ser intensificadas se a pessoa tiver dificuldade de se adaptar aos fatores de estresse da vida diária.

Assim, o grande objetivo do paciente é sentir alívio, ver a intensidade dos sintomas diminuir. Não só da dor, mas também dos sintomas emocionais. Mas a trajetória de quem convive com a dor crônica muitas vezes é cheia de frustrações. Passam por tratamentos ineficazes e estressantes, seguem sensibilizados por sua condição e tudo que desejam é se livrar do problema para que possam voltar às suas atividades sem o fantasma da dor incomodando.

Nessa conexão físico-emocional é preciso considerar a inclusão do monitoramento das emoções, mesmo quando os sintomas nesse nível são leves. Para isso, devemos atuar em conjunto: médico, paciente, medicamentos, medidas não farmacológicas, psicólogo e outros membros da equipe multidisciplinar necessária para cada caso, trabalhando para o alívio desta dor crônica.

Nesse processo, a aceitação e o enfrentamento são fundamentais para o alinhamento entre o que se espera e o que é possível para um planejamento terapêutico eficaz.

Se você vivencia um quadro de dor crônica, procure ajuda especializada, confie e faça a adesão ao tratamento. É importante para o resultado.