Será que a atividade física ajuda a aliviar a dor crônica? Pode fazer exercícios com dor ou é melhor evitar? Neste artigo, vamos conversar sobre o impacto da atividade na dor crônica.

Primeiro, vamos lembrar que a dor é uma condição desagradável e que todo ser humano procura evitar. É um sinal de alarme do organismo e vivenciada como uma experiência pessoal e subjetiva que depende do local, da causa, de fatores emocionais e culturais. O impacto da dor na qualidade de vida e no trabalho leva à busca por abordagens que ajudem a prevenir, minimizar e tratar a dor. E a atividade física é uma delas.

Mas antes de falarmos dos benefícios do exercício, vamos lembrar o que é dor crônica. Como já abordei aqui no blog, a dor pode ser classificada como aguda ou crônica, sendo que a aguda é de curta duração e desaparece com a resolução da lesão. Por outro lado, a dor crônica é persistente ou recorrente e não está necessariamente associada à lesão orgânica. Ela pode ser considerada a própria doença independente da sua causa, os sintomas permanecem além do tempo fisiológico de cicatrização ou por mais de três meses, gerando incômodos físicos, psíquicos e sociais.

A atividade física é frequentemente incluída como um elemento do tratamento em programas multidisciplinares usados para minimizar a persistência da dor. Isso pode parecer contraditório, já que, quem tem dor costuma evitar qualquer tipo de movimento com medo de que possa piorar os sintomas. Mas o que as pesquisas mostram é o contrário. A inatividade traz maior sensação de dor e o exercício é parte fundamental no tratamento da dor crônica.

Dentro desses programas, predomina a prescrição de exercícios aeróbicos, de fortalecimento e de alongamento. Os mecanismos ainda não são muito claros, mas sabe-se que o exercício tem um papel importante na analgesia, prevenindo o aumento da dor, chegando, inclusive, a minimizá-la.

Alguns motivos pelos quais a atividade física é recomendada:

  • Por ser um problema de saúde pública, a alta prevalência da dor crônica no Brasil apresenta impacto socioeconômico importante. Quando bem orientada e acompanhada, pode reduzir os gastos com medicação, além de reduzir o número de consultas e internações.
  • Exercícios isométricos, ativos livres e contrarresistidos, combinados com o relaxamento de músculos tensos e contraturados, são capazes de reduzir edemas e processos inflamatórios, melhorando as condições circulatórias, favorecendo o alívio da dor e minimizando a incapacidade funcional.
  • Os movimentos devem ser adequados à capacidade de cada indivíduo, podem auxiliar a dessensibilização de áreas dolorosas.
  • Tudo indica que o controle álgico na dor crônica por meio de exercícios esteja relacionado à liberação de substâncias como dopaminas, endorfina e outras substâncias do sistema opioide endógeno.

A liberação dessas substâncias acontece porque o exercício físico, sobretudo o aeróbico, interage com a parte que modula a sensação desagradável da dor por intermédio do córtex e do sistema nervoso autônomo.
Então, a recomendação é que com orientação adequada e nível de atividade física ajustado para cada caso, o exercício seja incluído como um elemento no tratamento da dor crônica, pois é efetivo em prevenir o aumento da dor, chegando, inclusive, a minimizá-la, melhorando as atividades diárias, sociais e laborais.