A enxaqueca é um dos distúrbios neurológicos mais comum em todo o mundo, com prevalência em torno de 16,2%. É classificada por crises recorrentes moderadas a intensas, com ou sem aura, muitas vezes durando entre 4 e 72h, ora com outros sintomas associados, incluindo náuseas, vômitos, sensibilidade a som, luz e/ou odores, com piora à nas atividades físicas rotineiras, como andar ou subir escadas.
O magnésio tem sido uma proposta opção de tratamento para enxaquecas devido ao seu bloqueio no receptor de glutamato denominado N-metil-D-aspartato (NMDA), conhecido por ser um contribuinte ativo na transmissão da informação dolorosa, além de fenômenos próprios das crises, como a depressão cortical alastrante.
Metanálises mostraram diferenças entre enxaquecas com e sem aura; sendo significativamente mais eficaz no alívio da enxaqueca em indivíduos COM AURA do que o placebo, após 60 min de sua administração. Uma metanálise mais recente revisou uma amostra maior de ensaios clínicos randomizados com 11 estudos investigando os efeitos do magnésio endovenoso nas crises e 10 estudos investigando o uso oral na profilaxia.
Ele é conhecido por ser um fator metabólico chave no funcionamento mitocondrial, reduzindo a permeabilidade da membrana e a excitabilidade neuronal. Pesquisas mostraram níveis significativamente mais baixos de magnésio no soro, saliva e líquor de indivíduos com enxaqueca durante; e entre as crises. Evidências também sugerem concentrações cerebrais mais baixas de magnésio com base na espectroscopia de RM.
Concluiu-se que o seu uso endovenoso nas enxaquecas agudas resultou em alívio significativo em até 24 h após sua a administração. Da mesma forma, o tratamento oral com magnésio resultou em frequência significativamente reduzida das crises bem como a intensidade das mesmas.
O uso benéfico do magnésio na prevenção da enxaqueca e na melhoria da qualidade de vida possui Nível de Evidência C, significando ser possivelmente um tratamento eficaz com as bases de dados. Esta classificação é baseada numa redução de dias de enxaqueca entre 22-43% em 5 ensaios clínicos revisados de 1990 a 2016, reafirmando seu uso já de longa data no seu controle; sendo um elemento seguro e economicamente viável no tratamento da enxaqueca.