A dor oncológica está entre os principais motivos de dor crônica, junto com as dores musculoesqueléticas e neuropáticas. Pode estar relacionada tanto ao próprio câncer quanto aos efeitos do seu tratamento ou dos exames no processo de diagnóstico. Apesar dos avanços terapêuticos, o alívio da dor nesses pacientes pode ser um desafio. Mas não deve ser vista como algo normal, deve ser avaliada a controlada de forma adequada, como qualquer dor.

Mas o que é dor oncológica?

É a dor decorrente da própria evolução do câncer ou aquela que surge durante procedimentos invasivos usados no diagnóstico e tratamento do câncer, como punções venosas, quimio e radioterapia, cirurgia. A mais frequente é aquela causada pelo próprio câncer. Pode impactar na sobrevida e na capacidade funcional do indivíduo.

Junto com o próprio câncer e seu tratamento, a dor também pode levar à insônia, perda de apetite, perda do convívio social, redução ou incapacidade no trabalho e falta de motivação para o lazer. Leva a estresse e sofrimento para o próprio paciente e toda a família ao redor.

As características da dor variam de acordo com a sua causa. Podem ser classificadas como leve, moderada ou intensa e podem ser tornar dores crônicas quando persistem por mais de 3 meses.

A forma com que a dor se manifesta pode variar muito de um paciente para o outro. Algumas sensações relatadas são choque, queimação, frio doloroso, dormência ou coceira. A dor também pode apresentar características nociceptivas e nesses casos são comumente descritas como latejante, aguda e se espalham para músculos, ossos e nervos ao redor do câncer.

Diferentes situações podem desencadear a dor em pacientes oncológicos. Ela pode estar ou não ligada ao câncer.

  • Quando a causa é o próprio câncer: um tumor pode pressionar ossos, nervos e órgãos do corpo, provocando dor (principalmente em pacientes em estágio mais avançado).

  • Dor óssea: ocorre quando o câncer se dissemina para os ossos. O principal a ser feito é controlar o câncer para que sua disseminação seja interrompida. Além disso, os ossos afetados devem ser tratados de forma adequada.

  • Pressão na medula espinhal: se o tumor invade a coluna, pode comprimir a parte neural, incluindo a medula espinhal. Dormência e fraqueza em membros superiores ou inferiores são sinais dessa compressão, que deve ser tratada para impedir complicações maiores como a perda da função da bexiga e intestino, ou até mesmo paraplegia.

  • Dor neuropática: acontece quando o tumor ou o tratamento afetam os nervos periféricos. Além da dor, pode surgir ardência, dormência, formigamento, fraqueza muscular e outras sensações nas mãos e pés. Alguns medicamentos usados na quimioterapia podem levar à neuropatia periférica.

  • Dor após cirurgia: em alguns casos, o tratamento do câncer é cirúrgico e no pós-operatório podem surgir alguns desconfortos. Se mesmo com medicação a dor persistir após a cirurgia, o médico deverá ser avisado.

  • Dor devido à quimioterapia ou radioterapia: a dor pode ser um efeito colateral de tratamentos do câncer e, se não for bem gerenciada, pode tornar o processo mais complexo.

  • Dor decorrente de exames: sim, alguns procedimentos e exames que são utilizados para diagnosticar o câncer podem ser dolorosos. Cada etapa do processo deve ser conversada com o médico para que a dor não seja motivo de preocupação e impeça a realização do exame.

Independente da causa, é importante lembrar que a dor precisa ser tratada com objetivo de melhorar a sobrevida e qualidade de vida do paciente nas suas atividades diárias.